quinta-feira, 16 de junho de 2011

Artigo

Escassez dos Recursos Hídricos

Possuímos uma das maiores reservas de água doce do mundo, mais de 12% da água potável do globo. A necessidade de controlar o uso da água está intrinsecamente relacionada com a escassez do recurso. Dados indicam que do volume de água existente no planeta, 97% é de água salgada, 3% de água doce, 2,37% estão nas geleiras, 0,6% são de águas subterrâneas e 3% são de águas disponíveis. Mundialmente, a agricultura é, de longe, o maior usuário, representando em média 69% da demanda, contra 23% da indústria e 8% do abastecimento humano.

Outro fator agravante para os problemas da água é que, o seu volume sempre foi constante e o número de usuários vem aumentando geometricamente ao longo dos anos. O alerta é da ONU, que já traça um cenário atual bastante difícil: mais de 1 bilhão de pessoas - cerca de 18% da população mundial - estão sem acesso a uma quantidade mínima de água de boa qualidade para consumo. A questão é que, mantidos os atuais padrões de consumo e de danos ao meio ambiente, o quadro pode piorar muito e rapidamente. Calcula-se que, em 2025, dois terços da população global - 5,5 bilhões de pessoas - poderão ter dificuldade de acesso à água potável; em 2050, já seria cerca de 75% da humanidade.

Entretanto, a situação de escassez de água em algumas regiões começa a se tornar restritivo ao crescimento dos parques industriais já instalados, bem como à instalação de novas indústrias e empreendimentos. A escassez de recursos hídricos não se traduz na esfera nacional, mas ocorre em certas regiões, em algumas épocas do ano ou em períodos prolongados de seca. Dentre os usos da água para as mais diversas atividades, o abastecimento para o consumo humano é prioridade constitucional.

A utilização cada vez maior dos recursos hídricos tem resultado em problemas, não só de carência dos mesmos, como também de degradação de sua qualidade. Hoje certos usos da água são conflitantes, com algumas atividades causando modificações na qualidade da água. A preocupação com a qualidade da água é relativamente recente. Antes se preocupava somente com a quantidade, procurava somente em garantir as vazões necessárias.

Assim, a manutenção da qualidade necessária a um ou mais usos de determinado recurso hídrico é meta a ser alcançada em qualquer projeto que vise ao seu aproveitamento. Os problemas ambientais atuais devem servir de lição. A natureza existe para ser utilizada. Porém, sua capacidade de ser alterada é limitada. O homem disporá sempre dos recursos naturais se usá-los de forma adequada, agindo como parte integrante da natureza e não como seu dono absoluto.

Para enfrentar os desafios da gestão eficiente da água, mudanças serão necessárias, desde a melhoria nos sistemas de produção de bens e serviços, a proteção e a recuperação do meio ambiente e a reestruturação do modelo de gestão e de relacionamento do governo com os cidadãos. Os Comitês de Bacia Hidrográfica, por serem criados por lei, tem sua legitimidade dada por ela, mas a legitimidade não se dá apenas por força da lei, também pela participação cidadã.

É importante ressaltar que a bacia hidrográfica é o conjunto de riachos, córregos e ribeirões que deságuam em um rio ou lago. O relevo, a vegetação, águas subterrâneas, os animais e as pessoas também fazem parte da bacia hidrográfica. Assim, os hábitos, os modos de vida, as formas de uso dos recursos e de produção e exploração econômica adotados pelo homem. Para se atingir uma evolução significativa em termos de gestão, é preciso educar, mobilizar os setores produtivos, investir em informações, em ampla divulgação de dados e em transferência de tecnologia.

Não podemos furtar da responsabilidade de preservar nossos recursos hídricos. No ambiente dos negócios é primordial sabermos como preservar os estoques deste precioso líquido. Não se permite mais, instalar um negocio sem estudar os impactos causados pelo uso dos recursos hídricos. Dessa forma, e para melhor utilização dos usos múltiplos dos recursos hídricos é imprescindível melhorar as condições de saneamento ambiental das bacias hidrográficas, uma vez que a falta de tratamento de efluentes líquidos urbanos ou industriais, bem como a inadequada disposição final de resíduos sólidos, constituem as principais causas de degradação ambiental. A poluição das água superficiais ou subterrâneas limita o uso para fins de abastecimento público, para irrigação,e até para fins industriais, comprometendo o próprio desenvolvimento da economia das regiões afetadas.

Verifica-se, portanto, que a gestão dos recursos hídricos é complexa: seja pelas inúmeras interfaces com os setores produtivos, seja por requerer integração multidisciplinar na avaliação de seus principais problemas, seja por implicar uma mudança de hábitos e costumes e, finalmente, mas não menos importante, por necessitar de volumosos investimentos para a realização das intervenções prioritárias.


Odorico Pereira

Vice – Presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba

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